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Catequese
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24/05/2012
A INTERCESSÃO DOS ANJOS E SANTOS NA BÍBLIA - Texto III




1 - A Igreja Católica, desde os primeiros séculos do Cristianismo, praticou a devoção aos Anjos e aos Santos, e especialmente a Nossa Senhora, a Rainha de todos eles. Devoção esta que se realiza através de atos de veneração e de pedidos de intercessão junto de Deus, bem como pelo esforço pessoal em imitar-lhes as virtudes. Tudo isso muito de acordo com a Bíblia, a Tradição e o próprio bom senso. Os argumentos da Tradição são patentes. Eis os da Bíblia e do bom senso.
 
         A – Os Anjos na Bíblia
 
2 – Anjos são seres celestes e mais perfeitos que os homens, pois não dependem em nada da matéria. Eles são seres puramente espirituais, dotados de grande inteligência, força de vontade, e de rapidez de movimentos. Eles são ministros de Deus que os envia a este mundo em missões diversas, relacionadas com a nossa salvação, (Heb. 1,14), missões especiais umas, (Cf.Lucas 1,19-38; Atos 10,22); habituais outras, (Mat. 18,10; Hebr. 1,14).
 
         Os anjos intercedem por nós a Deus
 
3 - De fato, a Bíblia se refere aos Santos Anjos a executar vários ofícios religiosos para conosco. Assim, ora ela os apresenta oferecendo a Deus as nossas orações (Apoc. 8,3-5); ora, rogando a Deus por nós (Zac. 1,12-13); ora ainda sendo eles rogados por varões justos. (Gên. 19,17 a 21; 48,15-16; Os. 12,5) Eles foram, por isso, venerados por homens justos. (Gên 18,2; 19,1-2; Núm. 22,31; Jos. 5,13-15) Podemos, pois, e devemos venerá-los (não adorá-los, propriamente falando – Apoc.22,8-9) e pedir-lhes a proteção, pois a Bíblia afirma que eles exercem um “ministério” em favor da nossa salvação. (Heb. 1,14)
 
4 - Não se pode, é claro, prestar a uma criatura, por mais elevada que seja, um culto latrêutico ou de adoração, que só compete a Deus, e só a Ele se presta, porque este ato significa o reconhecimento dEle como o Senhor Supremo e Absoluto de todas as coisas. Ao passo que o culto de veneração significa a honra, e reverência, o amor e gratidão que se votam também aos Anjos e Santos, como a amigos de Deus e nossos na glória.
 
5 - Para significar isso, S. João, no Apocalipse, relata um gesto seu, como se se dispusesse a “adorar um Anjo”, e este o proibiu dizendo-lhe: “Não faças isso. Sou servo como tu, e como teus irmãos que têm o testemunho de Jesus.” (…) “A Deus é que deves adorar.” (Apoc. 19,10; 22,8-9) A diferença, porém, entre “adoração” e “veneração” não está tanto no gesto; está mais na intenção interior de quem, por exemplo, se inclina ou se ajoelha diante de uma imagem sagrada. Esta representa na sua mente a pessoa santa a quem quer prestar o seu ato de culto ou devoção. (Cf.”Folhetos Católicos”, nº 05)
 
         B – Os Santos na Bíblia
 
6 - Distinguimos aqui os Santos do Antigo Testamento e os do Novo. Aqueles só entraram no céu com Jesus Cristo no dia da sua gloriosa Ascensão. Aguardavam aquele glorioso dia num lugar que Jesus chama “Seio de Abraão” (Lc. 16,22), e onde já eram muito felizes, mas não plenamente como na glória. Mas os Santos do Novo Testamento, logo que saem deste mundo, entram na Luz da Glória, onde sempre fruem da perfeita felicidade do céu, onde a caridade atinge a sua plenitude.
 
         Os Santos intercedem por nós a Deus
 
7 - Os Santos no céu estão na mesma condição dos Anjos, pois conservam as suas naturezas individuais e intelectuais, e possuem a mesma Luz divina na qual vêem a Deus, e em Deus conhecem tudo o que a sua mente pode conhecer. (“Na tua Luz veremos a Luz” – Sal. 35,10) Por isso, a Bíblia afirma que os Santos “julgarão este mundo” (1Cor. 6,2). Para fazerem esse julgamento devem conhecer os atos praticados neste mundo. Portanto, os Santos conhecem as nossas precisões e intercedem por nós como nossos amigos junto de Deus.
 
   É o que lemos em várias passagens da Bíblia
 
8 – a) Em Jeremias lemos: “E o Senhor me disse: ‘ainda que Moisés e Samuel se apresentassem diante de mim, o meu coração não se voltaria para esse povo.’” (Jer. 15,1) Ora, Moisés e Samuel já não eram do número dos vivos, e podiam, no entanto, interceder pelo povo.
 
Note-se ainda que, no 2º Macabeus (15,14), diz-se do próprio Jeremias, já falecido, que ele “muito ora pelo povo e pela cidade santa.” Vê-se, pois, que o povo eleito tinha essa fé.
 
9 – b) No Apocalipse São João narra a visão que teve de Jesus Cristo em seu trono de glória, e diante dEle se apresentavam anciãos “com taças cheias de perfume, que são as orações dos santos.” (Apc. 5,8; 8,4) Esses anciãos significam os “Santos da glória” apresentando a Jesus as orações dos “santos da terra”, os fiéis cristãos nesse mundo. Trata-se de uma forma de mediação secundária dos Santos entre Cristo e os seus fiéis.
 
10 – c) Na parábola do pobre Lázaro e do rico avaro, Jesus apresenta Abraão sendo rogado pelo mau rico que fora condenado ao inferno. (Lc. 16,27) No caso, o mau rico pedia o impossível. Não podia ser atendido. Mas, com este fato Jesus significou a possibilidade de se pedir ajuda aos amigos de Deus que estão no Céu, pois o mau rico pediu a intercessão de Abrãao.
 
11 – d) No 1º livro dos Reis Deus prometeu a Salomão não retirar-lhe o trono em vida, e conservar para seu filho (Roboão) o reino de Judá, “em atenção” e “por amor de seu servo Davi (já morto). (1 Reis 11,11-13) Significa que Deus toma em consideração os pedidos de seus amigos da glória, os Santos.
 
12 – e) Igual sentido tem a oração de Moisés pedindo a Deus que poupasse o povo culpado em atenção aos patriarcas Abraão, Isaac e Jacó, todos já falecidos. (Êx 32,11-14)
 
13 – f) Ainda no 2º livro dos Reis a Bíblia narra o milagre da ressurreição de um morto, ao contato com os ossos do profeta Eliseu. (2 Reis 13,21) Nesse fato temos ainda a aprovação da prática católica de venerar as relíquias dos Santos.
 
14 – g) Se os santos da terra (os fiéis cristãos neste mundo) intercedem junto de Deus pelos irmãos, conhecidos e desconhecidos (são incontáveis os casos nas Epístolas dos Apóstolos), quanto mais os Santos da glória que, na Luz divina, conhecem perfeitamente as nossas precisões (como acima ficou provado). Eles intercedem com certeza por nós junto de Deus.
 
15 - Por fim, um argumento de razão ou bom senso:
 
É conforme à natureza dos seres criados por Deus que os inferiores obtenham favores dos superiores também pela mediação de amigos de ambos. A própria mediação de Cristo tem por base este princípio. Ora, os Santos são amigos de Deus e nossos na glória. (Lc. 16,9) Logo, podem, intercedem por nós.
 
16 - E mais: estando os “Santos da glória” na mesma condição dos Anjos, podem ser venerados, como os Anjos o foram, por homens justos, ou seja, pelos fiéis, conforme se lê na Bíblia. (cf. nº 3 deste folheto) Sobre o culto de veneração dos Santos praticado na Igreja primitiva, e não tardiamente, ver “Folhetos Católicos”, nº 04.
 
         Respondendo às objeções
 
A – Há protestantes que afirmam: após a morte, as almas ficam em estado de esquecimento e não podem interceder pelos vivos. Só após o último juízo terão consciência. E citam erradamente um texto do Eclesiastes, que fala da condição dos mortos no túmulo onde “não sabem mais nada…” (9,5-6)
 
Resposta: Eles aplicam à pessoa toda (corpo e alma) o que só se refere ao seu corpo. O sentido exato do texto nos é dado pelo mesmo Eclesiastes mais à frente – (12,1 e 7: “Lembra-te do teu Criador nos dias de sua juventude (…) antes que a poeira retorne à terra para se tornar o que era; e antes que o sopro de vida (a alma espiritual e imortal) retorne a Deus que o deu”. O que é inteiramente conforme ao que lemos na Epístola aos Hebreus (9,27): “Está determinado que o homem morra uma só vez e depois disto vem o juízo” - particular, logo após a morte.
 
Daí Jesus ter garantido ao ladrão convertido na cruz (Lc. 23,43): “Em verdade eu te digo, hoje estarás comigo no paraíso” - com vírgula depois de “digo”, como no original grego, e não depois de “hoje”. Logo, com plena consciência logo após a morte.
 
B - Eles fazem outra objeção por a Bíblia afirmar que há um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo. (1 Tim. 2,5)
 
Resposta: Deve-se completar a citação de São Paulo (que em geral é citada só pela metade) e que continua no vers. 6 assim: “…o qual Se entregou em Redenção por todos”. Portanto, Jesus Cristo é, sim, o único Mediador, mas “de Redenção”. O que não exclui a mediação de intercessão dos Anjos e Santos, como acima ficou demonstrado. Muito menos exclui a de Nossa Senhora, a mais Santa que todos os Santos.
 
Portanto, estão em erro os opositores de mais essa verdade bíblica professada pela Igreja Católica desde os seus começos.
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Coleção “Folhetos Católicos”, de autoria de S.E.R. Dom Licínio Rangel, bispo da então União Sacerdotal São João Maria Vianney fundada por S.E.R. Dom Antônio de Castro Mayer.
 
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2.     A Igreja de Cristo é necessária à salvação
14. Igreja e Religião de Deus e igrejas e religiões dos homens





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